domingo, 29 de dezembro de 2013

O Soldados Feridos e os Rótulos


A minha graça te basta, o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza” (II Cor. 12:9). 


  Um dia este soldado treinou seu corpo, sua mente e suas piadas para enfrentar exércitos de homens, de intempéries e tristezas.

  Um dia, ele se viu crescendo e percebendo verdades. Logo, usou da inteligência para tentar proclamá-las e passou a ser ouvido, cercado. Para adoçar seu tema, abusava de suas piadas. Todos riam e ouviam. Mas, gostando da audiência, conheceu a ironia. Ele aprendeu a ironizar bastante. Não. Ironizava tudo. De repente não conseguia mais parar. Todos pareciam menos inteligentes, e quando menos esperava, saia uma ironia da sua boca. Começou a não gostar. A enjoar da própria retórica. Isso espantava as pessoas que ele mais queria impressionar. Elas o admiravam, mas não tinham coragem de se aproximar. Ele era inteligente, mas, inacessível. Ele sentiu solidão. 
Arrependeu-se, desistiu de sua arrogância e lembrou-se de que era pó.

  Mais humilde, sentiu-se melhor consigo, mas percebeu que, mesmo aqueles a quem mais amava já o haviam tachado de arrogante. Outros, percebendo que mudara, aproveitaram-se de sua pobreza de espírito para promover suas próprias piadas encima dele. Sua alma gritava, seus olhos lacrimejavam quando assim era tratado, mas, depois, já engolia o choro e agradecia ao Perdoador pois já mudara seu coração e naquele instante ele já era só alegria em apenas estar vivo.

  Não havia quem o ouvisse. Não naquela plateia. Alguém gostaria de acreditar que ele mudou para viver em novidade. Houve quem caminhasse com ele e o percebesse como um novo homem. Mas, resquícios do passado, somados ao que os outros falavam dele pareciam ser testemunhas fortes demais para serem ignoradas e, como todos sabem, não dá tempo para acreditar que as pessoas mudam. Tudo o que ele dizia, ainda que fosse na melhor das intenções era pré-julgado como ironia ou uma escusa qualquer. 

 Pobre soldado! Não tinha chance de dizer que já trocara de vida, de práticas, de roupa. 
 Só queria o aconchego de quem também tem do que se arrepender e por onde se aperfeiçoar.
 Manteve sua vontade no peito. Queria comer verdade, divulgar verdade. Viver de verdade.

A força que ele tem não vem da sua esperteza, do seu treino, da sua plateia. É pela graça.
Felizmente, graças a sua nova vida, acredito que este não morrerá de inanição.

Soli Deo Gloria

quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Soldados Feridos e a Igreja Cristã


Mas, sobretudo, tende ardente amor uns para com os outros; porque o amor cobrirá a multidão de pecados. - 1 Pedro 4.8

Pois é!

Quem são os soldados feridos? Existem tantos dentro das igrejas... 
Eles se caracterizam por serem amantes da Palavra, adoradores em potencial! Gente que sempre está buscando ouvir a voz de Deus mas que, por suas feridas, têm dificuldade em caminhar em direção à terra prometida. Não perderam o desejo dela... pelo menos no início...

Sabem, esses soldados feridos são soldados. Não têm medo de orar. Não têm medo de ouvir  correção de estratégia de Deus. Na verdade, anseiam por isso, para sentirem-se parte ainda do Grande Plano do Senhor dos Exércitos. Mas, ao ouvirem as ordens, não por desobediência, mas pelo efeito da solidão, recebem a informação como um analgésico, um alívio para a dor - Ele ainda pensa em mim! - e não a utilizam como deveriam!

Solidão? Sim, sem companheiros que andem com ele, não conseguirá prover alimento ou trocar as ataduras. Precisará de quem o ajude a se exercitar ou que se exercite com ele! Precisará ver outro amante da Palavra, adorador em potencial em ação e, sentir-se pronto a lutar ao seu lado.

E, o que temos nas igrejas?
Principalmente nas grandes igrejas cristãs - nas respeitáveis - os principais sofredores da "Síndrome do Soldado Ferido" são membros da liderança. Gente que servia junto, sofreu alguma frustração, alguma dificuldade pessoal, um pecado talvez e foi apenas observada. Eles continuam discipulando um tempo, participando dos grupos e cursos de reciclagem para não se entregarem. Começam a sentirem-se fracos. Seus movimentos sugerem pedidos de ajuda. Mas, não tem quem ore com eles. Talvez num apelo. Seus colegas de liderança observaram que fulano não tem vindo. Ou que tem se afastado. Ou que está triste. E, comentam nas reuniões. É triste. Momento de silêncio. Em outras palavras: "-  Se está morrendo, o que podemos fazer? Talvez seja a vontade do Senhor... se fosse um dos que discipulei ou dos que frequentam minha casa eu cuidaria, mas não posso... talvez Deus tenha misericórdia e abençoe-o mais à frente".

E assim, morre um soldado.
A causa? Inanição dentro de seu próprio Quartel General.

Só o amor em prática mudará esse quadro e fortalecerá nossas igrejas com dignidade.
Quem se habilita a carregar um soldado? 

Soli Deo Gloria.